Estudos e investigacións sobre Xaquín Lorenzo Fernández
BOLETÍN DA REAL ACADEMIA GALEGA
Outra presença que nos interessa destacar pela sua relação com a obra de Xaquín Lorenzo é a de Fritz Krüger. No 12º fascículo do 9º volume dos Trabalhos da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, do ano de 1939, Santos Júnior fizera já a recensão ao interessante estudo publicado pelo autor na Alemanha, sobre o travão dos carros de bois na Galiza, ao que parece sem se dar conta que a metodologia etnolinguística que o enformava teria forte ressonância nos estudos de romanistas, inclusive em Portugal. Ao longo da década de quarenta, em que Xaquín Lorenzo não publica em Portugal, irão começar a definirse com maior clareza, na etnografia portuguesa, correntes ou orientações metodológicas e práticas de trabalho discordantes, perante as quais precisamos de situar o autor. No Porto, pouco mudara na Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, mas surgira entretanto o Museu de Etnografia e História, com base nos materiais reunidos para a Exposição de Etnografia Provincial que estivera patente durante os congressos dos centenários. Este novo museu tinha à frente Pedro Vitorino (falecido antes da inauguração), Augusto César Pires de Lima, Armando de Mattos, Bertino Daciano Guimarães, Abílio Miranda e António Santos Graça, muitos deles, se não todos, bem entrosados nas iniciativas de colaboração com a Galiza que antes mencionamos. Na revista Douro Litoral (19401959) reúnemse trabalhos de nomes conhecidos deste meio estudioso nortenho. Fermín Bouza Brey, Leandro e Lois Carré Alvarelhos, Jesus Taboada, entre outros, asseguram a presença assídua de temas galegos, mas não há qualquer artigo de Xaquín Lorenzo. Mas neste ambiente de uma etnografia do regime que grassava por todo o país, fortemente tradicionalista e com pouca preparação académica específica, despontava um caminho novo, pela mão do recém regressado Jorge Dias (19071973). Formado em filologia germânica pela Universidade de Coimbra, fora leitor na Alemanha entre 1938 e 1944, tendo entretanto feito o doutoramento em Munique, com a monografia Vilarinho da Furna, uma aldeia comunitária. Passara depois ao leitorado em Santiago de Compostela (19441946) e Madrid(19461947). Ele viria a ser a figura de proa da etnologia portuguesa durante mais de duas décadas. Precisamos agora de recuar a 1945 para dar notícia da criação do Centro de Estudos de Etnologia Peninsular, instituído em 1945 por decisão do Instituto de Alta Cultura e sediado na Universidade do Porto. Tinha por objectivobase o estudo do homem peninsular no seu todo e fora mais uma iniciativa impulsionada pela incontornável figura da antropologia portuense, Mendes Corrêa, fazendo valer o seu prestígio académico e político e as suas extensas relações internacionais. A direcção do novo Centro foilhe entregue, e para ele esboçou um programa com três linhas fundamentais de investigação, a antropologia física, a evolução cultural desde a préhistória e a etnografia, folclore e psicologia étnica dos povos, portanto com um cariz próximo do das actividades da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia. A maior diferença em relação ao Centro
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