BOLETÍN DA REAL ACADEMIA GALEGA
Estudos e investigacións sobre Xaquín Lorenzo Fernández
escrito de Fermín Bouza Brey e Luis Brey Bouza. Respondia assim com simpatia à referência no trabalho de Bouza Brey e Cuevillas que mencionava uma investigação sua em TrásosMontes (SANTOS JÚNIOR 1928). Estavam a descobrirse de parte a parte os traços de união, e os investigadores deixavam perpassar para os textos um certo fascínio pelo mútuo reconhecimento, a concretizar em desejados planos para um comum e prometedor futuro. Coube ainda ao jovem Rui de Serpa Pinto, uma vintena de anos mais novo do que o consagrado Cuevillas, a honra de partilhar com este a construção de dois importantes trabalhos de síntese sobre a Idade do Ferro, ambos publicados na revista do Seminário de Estudos Galegos (LOPEZ CUEVILLAS; PINTO 1933 a e b), no ano em que falecia. Malgrado esta perda, a relação entretecida estava destinada a prosperar, chegando agora ao Porto a colaboração de mais um jovem do Seminário, Xaquín Lorenzo, como Serpa Pinto nascido em 1907. Aliás, no mesmo fascículo da revista, de 1933, em que Mendes Corrêa inseria a nota necrológica deste, surgia nova recensão crítica ao trabalho daquele, neste caso o artigo «Embarcacións (notas pra un cuestionario de etnografia)», pela mão de Santos Júnior, que em 1931 inserira na revista bibliográfica dos Trabalhos uma nota sobre o livro «Vila de Calvos de Randin» e no ano seguinte elogiara o artigo «A mulher no cancioneiro galego». Notemos que desde o ano de 1932 fora também ele, Santos Júnior, aceite como sócio do Seminário. «O tardo (notas de mitoloxia popular galega)» virá a ser o primeiro trabalho de Xaquin Lorenzo publicado em Portugal, a abrir o 4º fascículo do 6º volume dos Trabalhos da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, do ano de 1934. Neste ano uma reunião científica, muito abrangente, pois englobaria investigadores de toda a Ibéria, teve lugar em Santiago de Compostela, organizada pela Associacion Española para el Progreso de las Ciencias. Incluiu, evidentemente, uma visita dos congressistas às instalações do Seminario (SANTOS JÚNIOR 1934) e a outras instituições culturais galegas, que Santos Júnior se encarrega de relatar. Aliás, num dos seus discursos de acolhimento à futura Semana da Galiza, este investigador terá ocasião de recordar que a ideia surgira sete anos antes, aquando de uma visita de Mendes Corrêa à Galiza, mas apenas renascera e se firmara durante este encontro da Associacion Española para el Progreso de las Ciencias, em conversa pessoal com Filgueira Valverde. De facto, incomparavelmente mais importante e expressiva das relações do Norte de Portugal com a Galiza viria a ser a Semana Cultural Galega no Porto, que decorreu entre 31 de Março e 6 de Abril de 1935, organizada pelo Seminário e por um grupo de portugueses que se organizam em comissão ao redor das figuras de Mendes Corrêa e Joaquim Pires de Lima, respectivamente director da Faculdade de Ciências e catedrático destacado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, ambos membros da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia.
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