Estudos e investigacións sobre Xaquín Lorenzo Fernández
BOLETÍN DA REAL ACADEMIA GALEGA
Antropologia e Etnologia, onde pontificava a figura tutelar de Mendes Corrêa (18881960), será o seu vínculo institucional. Este professor dedicarase ao ensino da antropologia, no Porto, desde que esta entrara no currículo universitário com a reforma republicana de 1911, reunindo um círculo de estudiosos que, em 1918, esteve na origem da criação da referida Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia. O primeiro número da revista desta associação, sob o título Trabalhos da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, será publicado em 1919 e espelha bem as principais linhas de investigação incentivadas por Mendes Corrêa, muito orientadas para a antropologia física e colonial. Nos números seguintes começam a surgir estudos dedicados à etnografia e à arqueologia do território metropolitano, alguns deles ainda pela pena de homens da antropologia física e da medicina como o próprio Mendes Corrêa, o professor de anatomia Joaquim A. Pires de Lima (18771951) ou Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior (19011990). Na lista de membros da Sociedade publicada no número de 1926, estas duas secções aparecerão já em destaque, a primeira liderada por Virgílio Corrêa e Cláudio Basto, a segunda por Joaquim Fontes e José de Pinho, personalidades bem conhecidas nos respectivos meios. De relevo é também a panóplia de sócios honorários e sócios correspondentes, demonstrativa das relações internacionais deste grupo de fundadores. Estão significativamente ausentes investigadores da Galiza. O interesse pela arqueologia e etnografia galega será introduzido por Rui de Serpa Pinto, que na mais prístina colaboração para esta revista (v.3 19261928), composta entre outras notícias por diversas recensões bibliográficas, dedica uma atenção especial às temáticas específicas do Noroeste. A partir deste momento, Serpa Pinto tornarseá num fortíssimo elo de ligação entre estas comunidades científicas, que nem a sua prematura morte quebrará. Logo no volume seguinte da revista Lopez Cuevillas publicará um artigo (LOPEZ A.CUEVILLAS 1930), no qual refere uma passagem, em visita breve, pelos museus da Sociedade Martins Sarmento e da Faculdade de Ciências do Porto, no âmbito desta colaboração. Também para Guimarães enviará um artigo, em colaboração com Bouza Brey, intitulado «Paralelos galegos a unha prática popular transmontana» (BOUZA BREY; LOPEZ CUEVILLAS 1928), a pedido do seu novo amigo Alberto Vieira Braga (18921965). No prólogo deste texto os autores sublinham a inata identidade da Galiza e Norte de Portugal, pois «non podía soceder de outro modo cando o mesmo ethnos serve de base a dous paises que a prehistoria común acredita e o común sentimento avencella». As características comuns estavam apenas separadas pela «barreira fronteiriza que os homes ergueron», sendo sua intenção contribuir no futuro com outros trabalhos para estreitar as relações culturais entre a Galiza renascente e a saudosa Lusitania. Em simultâneo, Santos Júnior irá inserir no mesmo número dos Trabalhos o artigo «Afinidades galaicoportuguesas de folclore» (SANTOS JÚNIOR 1929), glosando um
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