Estudos e investigacións sobre Xaquín Lorenzo Fernández
BOLETÍN DA REAL ACADEMIA GALEGA
ra Braga (18921965) havia desaparecido há muito e Mário Cardoso (18891982) retirarase da presidência da Sociedade Martins Sarmento em 1972, embora só viesse a falecer dez anos depois. Neste mundo mudado, a ligação a Portugal continuava assim amarrada pela fiel amizade a Santos Júnior, com quem se continua a corresponder e a trocar visitas, a pedir trabalhos para as publicações em homenagem aos amigos comuns que vão falecendo, como sucedeu logo em 1975 com Xesús Ferro. Na década de oitenta queremos destacar as muitas agraciações recebidas por Xaquín Lorenzo, contando em alguns destes destacados momentos com a presença a seu lado de Santos Júnior, como sucedeu na Senhora do Viso, em Lobeira, em Maio de 1983. Por seu lado, Santos Júnior, algo ostracizado no seu país, foi também objecto do desvelo das instituições galegas, tendo sido homenageado, em 7 de Setembro de 1988, aos oitenta e sete anos, no Museo de Pontevedra, após ter sido nomeado académico de honra da Real Academia Gallega em sessão de 5 de Abril de 1987. Nessa ocasião viu recordado o seu longo currículo de amigo da Galiza, desde a pertença ao Seminário de Estudos Galegos, à participação nos trabalhos arqueológicos relativos à Terra de Deza e nas escavações da Lanzada. Pronunciou uma conferência subordinada ao tema «Aspectos etnográficos da obra de Rosalia de Castro». A última carta conservada de Santos Júnior para Xocas, e ele não o tratara habitualmente por este diminutivo de carinho, respondendo a outra de 17 de Abril de 1989, data do último dia daquele mês, pouco antecedendo a sua morte, e trata ainda de novos projectos de trabalho, além das doenças que a idade trouxera (GONZÁLEZ PÉREZ 2003, 111). Para além de Santos Júnior, restava a Xaquín Lorenzo, no Porto, um outro velho conhecimento, o arquitecto Octávio da Lixa Filgueiras, assídua visita das terras do Norte do Minho onde repartia o seu largo saber sobre arqueologia e etnografia das embarcações e, na Faculdade de Letras do Porto, um outro firme amigo da Galiza, Carlos Alberto Ferreira de Almeida (19341996) que pertencia, podemos dizer, à geração seguinte. Iniciara a sua carreira de etnógrafo em 1958 escrevendo para a revista Douro Litoral. Era também arqueólogo e historiador da arte, praticante da história local de largos horizontes e, como Xaquín Lorenzo, colaborador de muitas publicações periódicas do Noroeste, presença assídua em reuniões científicas e museus, apaixonado da terra galaica e com muitos amigos comuns, postura que foi reconhecida, aliás, pela atribuição do «Pergamiño de Honra e Loubanza» do Patronato Pedrón de Ouro, em 1979, a mesma distinção que a Santos Júnior fora outorgada em 1968. Xaquín Lorenzo era, desde 1965, membro deste Patronato, e depois, a partir de 1983, seu presidente de honra. A participação no primeiro Congresso LusoGalaico de Medicina Popular, que decorreu na terra raiana de Vilar de Perdizes no mês de Junho de 1983, organizado por António Lourenço Fontes, deve ter sido o derradeiro acto científico a que acorreu em Portu229 Nº 365